quarta-feira, 22 de agosto de 2012

No rancho fundo




No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade

No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno canta as máguas
Tendo os olhos rasos d'água

Pobre moreno
Que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo um cigarro
Por companheiro

Sem um aceno
Ele pega na viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal
Desse moreno

No rancho fundo
Bem prá lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite, nem de dia

Os arvoredos
Já não contam
Mais segredos
E a última palmeira
Ja morreu na cordilheira

Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza

Tudo por que
Só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno
Pra uma casa de sapê

Se Deus soubesse
Da tristeza lá serra
Mandaria lá prá cima
Todo o amor que há na terra

Porque o moreno
Vive louco de saudade
Só por causa do veneno
Das mulheres da cidade

Ele que era
O cantor da primavera
E que fez do rancho fundo
O céu melhor
Que tem no mundo

Se uma flor desabrocha
E o sol queima
A montanha vai gelando
Lembra o cheiro
Da morena

Ary Barroso

Nosso amor




Nosso amor
Pra você já morreu
Mas pra mim não morreu
Está vivo no meu coração

Nosso amor
É como o luar
Que hoje brilha, amanhã se apaga
E depois, volta a brilhar

Nosso amor
Terá vida enquanto eu viver
Não me importa o seu modo cruel de proceder
Todo mundo já sabe o que há
E me chama de covarde
Covarde, eu não sou

Deixa o mundo falar
Sei que a minha vida não será
Igual a vida de quem ama por amar

Prefiro assim
Pois quem ama de verdade
Faz do seu amor
A própria felicidade