domingo, 3 de março de 2013

Essa que eu hei de amar




Essa que eu hei de amar perdidamente um dia 
Será tão loura, e clara, e vagarosa, e bela 
Que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela,
Trazer luz e calor a essa alma escura e fria

E quando ela passar, tudo o que eu não sentia 
Da vida há de acordar no coração, que vela… 
E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela 
Como sombra feliz… — Tudo isso eu me dizia
Quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro
E claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro
Do poente, me dizia adeus, como um sol triste

E falou-me de longe: "Eu passei a teu lado
Mas ias tão perdido em teu sonho dourado
Meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!"

Guilherme de Almeida