domingo, 10 de novembro de 2013

Recomeço do fim

Eu te esqueci muito tarde
E mesmo assim o tempo passou
Tal como folhas secas
Que o vento abandonou

Pano deixado as traças
Resina sem cor
Eu fui ficando sozinho
Pelos retalhos do caminho
Me desfigurando, mentindo e lamentando

E mantendo em segredo
Essa minha ilusão
Que me escapou entre os dedos
Não sei pra quais outras mãos

E eu me tornei exatamente o contrário
De tudo aquilo o que eu sei que sou
Mas pra que dramatizar não é?
O que passou passou...

Tudo superado
Mas profundamente mudado
O mesmo não sei se um dia serei
Feito a madeira, o machado inclinado
Eu por fora estou cicatrizando
E por dentro sangrando, afastado do medo

Mas sozinho, tal qual as folhas secas
Que não servem nem ao tempo
Nem a árvore
E abandonado pelo vento
Vou seguindo sem medo
Até o recomeço, o recomeço do fim...