sexta-feira, 23 de maio de 2014

Minha rua

Na minha rua
Tão humilde e tão discreta
Meu vizinho era poeta
E um outro era cantor
Na mesma rua
No outro lado da calçada
Tive uma namorada
Que foi meu primeiro amor

A minha rua não era iluminada
Simplesmente ornamentada
Por um simples lampião
Porque morava sobre o nosso telhado
Um luar tão prateado
Igual aquele nunca mais vi não

Agora iluminaram minha rua
Mandaram embora a lua
Alargaram-na também
A pobre não tem mais a singeleza
Não bastava essa tristeza
Me deixaram sem ninguém

Sozinho sem minha rua discreta
Sem o vizinho poeta
Sem luar, sem o cantor
Que vale a grandeza da avenida?
Se perdi tudo na vida
E o meu primeiro amor?